24 de junho de 2016

Mãe do abolicionista José do Patrocínio está no foco da série de documentários da TV Câmara

Primeiro foi o filho ilustre. Agora chegou a vez de quem o gerou

Primeiro foi o filho ilustre. Agora chegou a vez de quem o gerou. Depois de focar na história de lutas do abolicionista José do Patrocínio, o Tigre da Abolição, a TV Câmara Campos volta suas câmeras para os rastros da história de sua mãe, a escrava Justina do Espírito Santo, que também será perpetuada por uma produção da emissora de TV do Legislativo de Campos.

Com lançamento previsto para maio, o videodocumentário aborda a trajetória da mãe de José Carlos do Patrocínio, que nasceu em Campos no dia 9 de outubro de 1853, filho do vigário João Carlos Monteiro com Justina.

Segundo historiadores, a escrava foi oferecida ao vigário quando tinha 13 anos e conseguiu registrar Patrocínio, mesmo sem o reconhecimento paterno. Justina viveu como quitandeira até 1885 quando, doente, foi levada para o Rio de Janeiro pelo filho, onde no mesmo ano morre e tem um grande funeral.

As gravações do documentário, que começaram no Rio de Janeiro, seguem por Campos. Recentemente, a equipe entrevistou Geneci Maria da Penha, a Noinha, do Grupo de Jongo Congola, que forneceu mais informações sobre a homenageada. “Justina não só gerou José do Patrocínio, mas também lutou para gerar esse filho, criar essa criança que até então não tinha pai, pois ela não podia revelar isso para a sociedade. Ela, certamente, é uma referência da luta da mulher negra”, disse a escritora e ganhadora do prêmio de Patrimônio Imaterial de Campos.




Orávio de Campos Soares, presidente do Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural (Coppam), também foi entrevistado e ressaltou a luta pela sobrevivência da mãe de Parocínio. “Ela foi uma grande personalidade. Tanto que em seu funeral estavam grandes nomes da política e o cortejo foi noticiado em grandes jornais à época”.

Para o escritor e historiador Uelinton Farias, ela foi um símbolo da resistência das mulheres negras. “Justina foi uma mulher que lutou muito por seu filho. Patrocínio sempre falou da mãe com muito carinho e respeito, tendo uma posição muito dura em relação ao pai. Ela se tornou um grande símbolo da Abolição sendo a mãe e grande incentivadora do símbolo abolicionista que foi Patrocínio”.

Escrava mãe - Paralelamente, a TV Record também vai estrear uma novela, não sobre Justina, mas sobre a mãe de Isaura, famosa personagem do romance de Bernardo Guimarães.  “Escrava Mãe”, livremente inspirada na obra “A Escrava Isaura”,  tem estreia marcada para o  dia 30, às 19h30. A trama de Gustavo Reiz dirigida por Ivan Zettel, traz no elenco uma atriz campista: Zezé Motta, que viverá Tia Joaquina. A trama pretende reviver o sucesso do remake de “A Escrava Isaura”, exibido  em 2004.

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Equipe NEABI