Fonte: Folha de São Paulo
Jovens negros são mais vulneráveis à violência e correm, em média,
até 2,5 vezes mais risco de serem assassinados do que os brancos.
Essa
proporção é ainda maior em alguns Estados, como a Paraíba, onde o risco
de um jovem negro ser assassinado é até 13,4 vezes maior.
Os
dados são de pesquisa divulgada nesta quinta-feira (7) pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com a Unesco e com a
Secretaria Nacional da Juventude, do governo federal.
Para
calcular os dados, a pesquisa adotou um novo indicador, chamado de IVJ
(índice de vulnerabilidade juvenil - violência e desigualdade racial).
O
índice, que permite revelar a situação por Estado, incorpora cinco
categorias: taxa de mortalidade por homicídios, por acidentes de
trânsito, frequência à escola e situação de emprego, pobreza e
desigualdade. Os dados se referem a jovens entre 12 e 29 anos.
Ao todo, quatro Estados têm categoria de vulnerabilidade considerada muito alta: Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Ceará.
A
situação fica mais grave quando observado o risco de homicídios na
comparação entre os dois grupos de jovens, outra variável presente no
indicador. Em Alagoas, o risco de morte de um jovem negro é 8,75 maior
que o de um jovem branco. Em Pernambuco, o risco é de 11,57 vezes e, na
Paraíba, de 13,4.
Todos os Estados, no entanto, apresentam risco
maior para jovens negros. A única exceção é o Paraná –uma das hipóteses é
que parte dos registros na região esteja com dados incompletos.
Os
dados são de 2012, os mais recentes disponíveis. Naquele ano, 29.916
jovens foram assassinados –desses, 22.884 eram negros. Segundo o Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, os jovens são maioria entre as vítimas
de violência no Brasil.
"Isso mostra o quanto a violência é
seletiva no Brasil", diz Samira Bueno, diretora-executiva do órgão. Para
ela, vários fatores colaboram para o problema, como a evasão escolar,
diferença de renda, falta de acesso a políticas públicas, entre outros.
VIOLÊNCIA E DESIGUALDADE RACIAL
REGIÕES
A
taxa de mortalidade por homicídios de jovens negros também é superior à
de jovens brancos em todas regiões. A situação é mais complicada no
Nordeste, onde a taxa é quatro vezes superior para negros em relação a
brancos.
Em seguida, estão as regiões Norte, onde taxa de mortalidade é 214% maior, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Já
o país tem taxa de mortalidade por homicídio de jovens negros 155%
maior do que a de jovens brancos: são 70,8 casos a cada 100 mil
habitantes, uma taxa que cresceu em cinco anos. Em 2007, essa taxa era
de 60,5 casos para cada 100 mil habitantes.
O índice também fica
acima do parâmetro utilizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde)
para definir a situação como grave, que é de 10 casos para cada 100 mil
habitantes.
MUNICÍPIOS
A pesquisa também traz dados
do índice de vulnerabilidade dos jovens à violência nos municípios, sem,
contudo, considerar a variável raça/cor. Foram analisados indicadores
de 288 municípios, com mais de 100 mil habitantes.
Desses, 37
tinham índices de vulnerabilidade considerados como "muito altos", e 44
tinham índices "altos" –juntos, somam 28% do total.
A cidade com
maior índice de vulnerabilidade para os jovens é Cabo de Santo Agostinho
(PE), onde o índice chega a 0,651, em uma escala de 0 a 1. Em seguida,
estão Itaguá (RJ), Altamira (PA), Marabá (PA) e Luziânia (GO).
Já a
cidade com menos índice é São Caetano do Sul (SP), onde o indicador de
frequência à escola e situação de emprego apresenta valor maior do que
em outras cidades.
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Equipe NEABI